Este blog foi iniciado beirando os 200 dias de distanciamento social, mais precisamente no Dia 188. Mas quero me propôr fazer algumas viagens no tempo para tentar resgatar memórias e sensações desde os primeiros dias dessa louca experiência.
Era uma terça como outra qualquer. Ismael seguiu para a Universidade, empolgado que estava com os ensaios recém retomados de seu espetáculo que faria parte de um importante evento de teatro na cidade. Joaquim foi para a escola no nosso super recente esquema de caronas que este ano aliviaria muito a rotina de leva e traz que tomou muitas horas das minhas semanas no ano passado - este ano nos revezaríamos em três famílias para aliviar o impacto de tempo e combustível consumidos nas idas e vindas até a escola; e eu estava plena e tranquila envolvida com meu trabalho em home office.
Estávamos acompanhando as notícias sobre o Coronavírus, os números de pessoas contaminadas crescia exponencialmente pelo mundo todo. No dia 11 de março a OMS decretou situação de pandemia mundial. Até aí a gente acompanhava as notícias mas a geografia da coisa nos transmitia uma falsa sensação de segurança: China, Europa... e confesso que mesmo quando começou a despontar no Brasil, láaaaa em São Paulo, eu particularmente ainda tinha fé de que tudo iria passar antes de chegar aqui no Sul (como se São Paulo fosse tão longe daqui... eu sei...). No dia 20 de março entrou em vigor o estado de calamidade pública por conta da pandemia aqui no Brasil. Percebi que não passaria antes de chegar no Sul.
Mas voltando à terça-feira onde tudo começou, eu ouvia uma rádio online enquanto trabalhava e me chamou a atenção a notícia de que o festival do qual Ismael participaria havia sido cancelado. Fiquei surpresa, pra não dizer chocada, pois é um evento imenso, os ingressos já estavam sendo vendidos e com certeza muita coisa da logística já havia sido providenciada. Na hora liguei para o Ismael. Ele tinha acabado de saber também, e além disso falou que estava se dirigindo para uma reunião convocada às pressas na Universidade e parecia que era para anunciar algo sobre o encerramento das atividades presenciais por alguns dias. Uma ou duas horas depois recebi um e-mail da escola do Joaquim comunicando que as aulas presenciais aconteceriam até o final da semana, depois fariam um recesso de 14 dias por conta da pandemia...
Eu nem sei explicar o que tudo me veio à cabeça nessa tarde de um dia qualquer de março. Foi um misto de "ah, para... isso tudo é uma pegadinha!", com "meu Deus, como é que eu vou conseguir trabalhar com todo mundo em casa o dia inteiro!?", e uma pitada de "graças a Deus poderemos ficar em casa, seguros, por 14 dias!"... além de um certo medo, angústia, muitas dúvidas e etc, e etc...
Ah, sem falar que eu não pude deixar de lembrar de uns quantos filmes com gente se isolando em casa para se proteger de coisas terríveis, no melhor, ou pior, estilo apocalipse zumbi...
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| foto: https://nerdinterior.com.br/cinema/review-bird-box-netflix/ |
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