Foi mais um parto, dentre tantos que vivemos desde que colocamos um filho no mundo. Eu e o pai muito concordávamos que celular pra criança é totalmente desnecessário. Somos aquelas pessoas que olham torto quando vêem uma família num restaurante, parque, etc e a criança está com um celular na mão. Quando filhote nos perguntava quando teria seu próprio celular, a resposta era unânime: 15 anos! Isso pelo menos nos daria bastante tempo pra pensar, hahaha...
Mas aconteceu a pandemia... aconteceu o distanciamento social... aconteceu o fim das aulas presenciais...
São 207 dias sem interação: na escola, no recreio, no final de semana com os amigos, sem festas do pijama, sem ao menos estar com os amigos adultos do papis e da mamis... sem... zero companhia além de nós 3 aqui...
MAS, preciso dizer que eu não me abalo fácil... essas razões todas abriram caminho, nos fizeram pensar... mas ainda assim resistimos à ideia de liberar um celular para Joaquim agora, aos 10 anos de idade...
Enquanto isso ele usava o meu para conversar com os amigos pelo Whats e Messenger. Era bom porque, além da alegria de vê-lo interagindo com os amigos, eu tinha total controle das conversas, contatos e tempo de uso de celular. Isso no começo... passados alguns meses, eu não me achava mais nas minhas conversas, perdia conversas com clientes porque moleQuim clicou sem querer, eu respondia trocentas chamadas de vídeo por dia explicando que Joca não podia falar porque estava em aula, ou fazendo tarefa, ou apenas porque não... sem contar as inúmeras vezes em que precisei do celular e estava sem bateria... porque a pessoinha não lembra que para usar, precisa carregar... enfim, virou um bagunça.
Mas calma, não me rendi tão fácil... apesar de todo o stress, precisei trabalhar em meu coraçãozinho essa nova realidade. Rolou muita conversa com maridón, pesamos prós e contras, consideramos os porquês de nossa resistência e porque liberar... li vários artigos sobre crianças e tecnologia, participei até de um ciclo de conversa online muito bacana sobre "Ser criança no Mundo Digital" (pra acessar, clica AQUI) e conversamos MUITO com moleQuim. Rolou muita conversa mesmo, nós perguntando, ele respondendo; ele perguntando, nós respondendo; ele projetando: "mãe, quando eu tiver celular vai ser legal por isso e aquilo..."; nós projetando: "filho, mas veja bem, quando vc tiver celular, a mamãe e o papai meio que serão 'donos' junto com vc, né?". E, por enquanto, ele sempre concordou! Conversei com mães de amigos que já haviam liberado, perguntei como é, como não é... enfim. Nada garante sucesso na empreitada, mas eu queria ter uma boa base para este momento.
E o momento chegou. A partir de hoje Quim tem seu próprio celular. Que engraçado, meio que rola uma lagriminha aqui... como quando eu pego o chinelo do moleque e cabe no meu pé, como quando quase não precisa mais do degrau da escada pra ele ficar do meu tamanho, como quando vemos todas as camisetas que ele veste ficar na altura do umbigo... é aquela coisa de ver o filho crescendo...
Sabemos que é um caminho sem volta. E estamos na fase de transição, ainda tem muita coisa minha no celular (ah, sim, ele herdou o meu antigo, então também estou sendo beneficiada com um celular novo nesse processo, hehehe...) e estamos ajustando aos poucos, o que emocionalmente ainda dá uma sensação maior de controle.
Enfim, Joaquim é muito aberto a conversas e combinados. Seu primeiro dia com o celular, por exemplo, foi mais tranquilo do que achei que seria. Achei que ele não largaria nunca mais... mas foi tipo "ok, cansei da brincadeira, vou fazer outra coisa...". Vamos ver como segue o barco...
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